sexta-feira, 30 de outubro de 2015

#Machistas NÃO passarão!

Na tarde desta sexta-feira, dia 30/10, o movimento feminista de Fortaleza ocupou o centro da cidade com suas bandeiras, faixas, cartazes e gritos de guerra. Articulado de última hora o ato reuniu em seu ponto alto algo em torno de 400 a 500 pessoas que saíram em passeata pelas ruas do centro da cidade e foi uma prova concreta de que é possível unificar distintos setores do movimento feminista e na unidade mobilizar setores não organizados. Participaram do ato mulheres da UBES, UNE, ANEL, PT, PSTU, PSOL, RUA, Marcha Mundial de Mulheres, Fórum Cearense de Mulheres, representações de várias entidades estudantis (DCE, CAs e grêmios) além de homens e mulheres simplesmente indignados com o brutal ataque que representa o PL 5069/13 de Cunha.

Este projeto recém aprovado atinge em cheio as mulheres da classe trabalhadora vítimas de estupro, ao modificar uma Emenda do Código Penal de 1940, prevendo prisão de 4 a 8 anos para quem vier auxiliar ou instruir o aborto, e de 5 a 10 anos caso essa pessoa seja da área da saúde, podendo a pena ainda aumentar em um terço caso a mulher que venha a fazer o aborto seja menor de idade. O que é muito mais criminoso é que se a mulher vier a ter complicação na gestação ela não poderá receber nenhum auxilio medico mesmo que seja para reduzir danos a sua vida... Vale perguntar: isso não pode ser tipificado como ausência de socorro a vitima? Na nossa compreensão, sim. O absurdo é tão grande que abre brecha para que uma simples conversa ou palestra sobre a defesa do aborto possa ser interpretada como instrução ou orientação e por sua vez um ato criminoso passível de prisão.
O cenário é de um show de horror sem fim quando somamos os ataques aos direitos básicos, como a própria vida no caso em questão, ao cenário de aumento da violência e repressão policial.  O ato de Fortaleza nos deu uma pequena amostra do que os poderosos nos reservam. Em determinado momento de nossa passeata a polícia sorrateiramente prendeu um rapaz que pichava a frase “Machistas não passarão” e o que se viu a seguir foi uma truculência inexplicável acompanhada do óbvio e necessário rechaço dos manifestantes à ação da PM que chegou inclusive a bater em mulheres que tentaram ajudar o rapaz.
Não se dando por satisfeita pela prisão do garoto a PM deixou o ato seguir para saírem correndo com armas de fogo em punho, atirando para o alto e revistando retardatários  numa clara tentativa de dispersar o movimento que felizmente foi frustrada. Apesar da intimidação o ato foi uma vitória do Movimento feminista que resiste e resistirá tanto a ataques do governo e do parlamento como o do aparato policial fascista.

Não dá pra aguentar mais Cunha que mesmo envolvido em escândalos de corrupção, vem desde o inicio do ano de 2015 atacando todos os trabalhadores, com projetos que criminalizam os movimentos sociais, aumentam a famigerada terceirização, proibem a discussão de gênero no espaço escolar, estabelecem o conceito de família e agora mais esse destinado diretamente a nós mulheres vítimas da cultura do estupro de nossa sociedade machista e opressora.
Não dá pra aguentar uma presidente mulher blindando tais parlamentares em nome da tão falada governabilidade. Chamamos a todos os ativistas a cerrar fileiras para barrar o PL 5069 e derrubar imediatamente Eduardo Cunha da presidência do Congresso, derrotando assim também essa vergonhosa política petista de protegê-lo a todo custo. Querem fazer do direito ao aborto seguro moeda de troca para calar os fundamentalistas. Não permitiremos. Já foram longe de mais e daqui não passarão.



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