domingo, 1 de janeiro de 2012

2011: apenas um começo...

Muito difícil pra quem é atéia se adequar a calendários religiosos mas nasci em uma cultura em que vigora o calendário cristão e o desapego às tradições leva tempo pra acontecer...tenho que ter paciência comigo mesma e tentarei fazer um pequeno balanço do ano que se passou...

Definitivamente 2011 foi um ano marcante, em especial pras mulheres em muita parte do mundo. Tivemos a Marcha das Vadias e compreendendo o recado que as mulheres que dela participaram queriam dizer: "o corpo é meu e faço dele o que quiser". Tenho acordos com o conteúdo porém restrições à forma de como achamos que dialogamos e na verdade nos tornamos incompreendidas. Sou uma mulher que defende que; todas as mulheres trabalhadoras, incluindo as trabalhadoras do sexo, vulgo prostitutas, merecem respeito sem serem chamadas de vadias. Meu direito de fazer o que quiser com meu corpo inclui o de ser respeitada pelo que faço ou deixo de fazer com ele! O corpo é meu e minhas decisões sobre ele não dizem respeito a ninguém! Não é porque visto a roupa que quero ou transo com quem acho que devo, que "mereço" ser tratada como vadia!

O que mais me marcou no ano de 2011 foi a primavera árabe. Mesmo ainda não estando encerrada, ela definitivamente colocou por terra toda a imagem de submissão das mulheres árabes. Particularmente sempre tive resistência em aceitar mais uma falsa idéia do senso comum que condena pessoas de culturas diferentes (o tal etnocentrismo) por achar que alguém é inferior por ser diferente a mim. As mulheres palestinas sempre me chamaram a atenção pela resistência ao massacre promovido pelos soldados israelense e estadunidenses. Me orgulha a primavera árabe saltar aos olhos de qualquer um sem o menor senso critico de que as muçulmanas resistem, lutam apesar de toda opressão cultural que a cada dia vêm acentuando-se.
Vestidas ou nuas, não importa...
Não faço uma critica rasteira ao uso da burka pois pra mim cada qual usa o que quiser desde que queira por vontade própria e não ofenda aos outros, o que por si já é impossível, o outro sempre se ofende com o que é diferente. Tem mulheres que se sentem bem com roupas curtas e outras nem tanto, eu mesma descobri que uma saia curta ou salto alto limita meus passos e gestos e disso eu não gosto, prefiro as calças jeans que dão uma sensação de liberdade de movimento.
Quem perde com a guerra...
Pra mim toda guerra tem suas consequências e quem paga o maior preço por ela são as mulheres, violentadas em todos os sentidos, sem falar das crianças, pobres inocentes dilaceradas pela guerra. Ouvi recentemente uma matéria que falava das mulheres afegãs antes de 1992, indo a faculdade, trabalhando fora de casa ou se vestindo como bem queriam, porém muita coisa mudou de uns tempos pra cá, em especial com os governos Taliban. Mas o que mais me incomoda é a falsa idéia que vem sendo propagandeada mundo afora sobre as mulheres afegãs, que com a intervenção direta dos Estados Unidos contra o governo Taliban essas mulheres adquiriram mais liberdade. Nada mais falso. Elas continuam sendo a grande maioria de analfabetas, sem direito algum, inclusive de escolherem se querem casar ou não e com quem. Milhares continuam sem direito a saúde e outras milhares recorrem ao suicídio como fuga.
Finalmente morre um genocida...
Dizem que os bons cristãos não devem querer mal a ninguém mas como sou atéia posso aqui deixar meu contentamento com a morte do ditador Muammar Kadhafi, pois o Tribunal Penal Internacional antes de levantar suspeitas de crime de guerra contra a morte deste deveria fazer um exame de consciência pois nunca investigou como governou este ditador agindo contra as mulheres líbias. Milhares foram violentadas pelo exército de Kadhafi que por sua vez exibia pra todo o mundo sua Guarda feminina e um grupo de enfermeiras que apesar do voto de castidade que faziam ao aderirem a servir com a própria vida seu líder político deixava por onde passava os boatos que tudo não passava de seu harém particular e que elas eram obrigadas a se sujeitarem a essa condição.

A primavera árabe mostrou pro mundo que muita coisa ainda está por mudar e as mulheres continuarão sendo as protagonistas desta história.

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